sábado, 23 de março de 2013

Tulipa

1- Reflexão interna

Perante alguns devaneios em si já enrustidos, resolveu deixar-se. Já não lhe interessava as implicações de tal fuga, apenas quis por um ímpeto momento em que se enxergou internamente sair. Saiu notavelmente bem, já não era frágil ou intocável. A partir da fuga se sentiu mais humana. A partir da fuga se dividiu em duas partes: inocente e promíscua. Inocente se compunha da bagagem do que foi um dia, e até mesmo de algumas experiências adquiridas ao longo de sua vida, principalmente da infância. Já a promíscua era sua nova fase. A fase de crescimento, a fase que à torturava justamente por ser masoquista. A briga interna  era pela consciência do ato impuro e por desrespeito à regras impostas socialmente. Repudiava o novo modo de vida, jamais pensara em trabalhar em um cabaré, mas estava cansada de ser o que todos designavam para ela.

Tulipa sabia que era loucura, sabia que não precisava, mas queria. Achava ela que merecia. Por quê diabos ainda amava Miguel? Queria ter o domínio de esquecê-lo, queria ter a audácia de arrancá-lo de seu peito. 

2- Do outro lado

Miguel se sentia injusto pelo ato desrespeitoso que havia feito com Tulipa. Pensava sozinho: " Justo ela que foi tão amável, segura de si". Miguel já havia rompido o romance com Alice Nunes, simplesmente porque chegou a conclusão que ela era apenas uma válvula de escape. Não por não amar Tulipa, mas porque estava cansado de tal rotina. Cansado de ser tão ruim e Tulipa tão boa, doce, compreensiva. Queria vê-la  não dependente dele, agindo furiosamente com as atitudes que só eram feitas para contrariá-la. 

3- Inicio 

 Entrou naquele prostíbulo imundo e conversou com uma senhora até certo ponto simpática. Pediu para que ela lhe arrumasse um quarto e uma moça de bons dotes. Maristela, a cafetina, odiou Miguel. Achou-lhe um moço petulante e acostumado à dar ordens onde não tinha poder algum, mas ainda assim era um cliente. 

4- Homenagem à Alice

Tulipa estava no quarto pensando em quão divertido era ter um pseudônimo que homenageava a mulher  que lhe causara tanto sofrimento.

5- A espera

O quarto tinha uma luz amarela. Sentou-se na cama macia, e esperou pela meretriz. 

6- A nova fuga
  
Tulipa estava no banheiro  do quarto.  Enxergou Miguel de costas. O coração foi parar na boca, quis sair correndo dali! O quê Miguel estava fazendo ali? Descobrira o seu segredo? "Merda." Pensou Tulipa. 
Engatinhou pela cama, agarrou Miguel por trás e sussurrou em seu ouvido: " Eu vou te dar o teu prazer, mas com amor é mais caro.  É mais caro, Miguel. Diga-me quanto pode pagar ou se pode pagar. 

O último verso foi baseado na canção: "Aos garotos de aluguel" da banda "A banda mais bonita da cidade".  

Um comentário:

  1. Uma pessoa quando não aguenta mais passar por essa dor, ela procura de qualquer forma com que a faça bem. e mesmo não sendo boa a vida que ela vai levando.. mesmo assim ela vai continuando desse jeito! por quê viver sempre da mesmisse passando por sofrimento não dá.

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