domingo, 31 de março de 2013

A volta


I
Invertendo os papéis dessa bobagem
Um dia deixo-lhe, outro quero
Fala que tu volta
Fala que tu não foi
Volta, menina
Não vai não
Não desejo-lhe por nem mesmo sete mares
Dispenso-lhe, por  não querer mais chorar em bares
Me deixa, menina
Não me machuca assim...

II
Vem, menino, vem que meu cabelo tá preto de novo
Vem, que minha boca tá doce
Vem, nego, vem que agora eu sou tudo que você queria que eu fosse
Tudo já foi embora, mas você ficou
A blusa azul ainda está manchada
A blusa vermelha ainda tem seu cheiro
Não me machuca assim...                                               

sábado, 23 de março de 2013

Tulipa

1- Reflexão interna

Perante alguns devaneios em si já enrustidos, resolveu deixar-se. Já não lhe interessava as implicações de tal fuga, apenas quis por um ímpeto momento em que se enxergou internamente sair. Saiu notavelmente bem, já não era frágil ou intocável. A partir da fuga se sentiu mais humana. A partir da fuga se dividiu em duas partes: inocente e promíscua. Inocente se compunha da bagagem do que foi um dia, e até mesmo de algumas experiências adquiridas ao longo de sua vida, principalmente da infância. Já a promíscua era sua nova fase. A fase de crescimento, a fase que à torturava justamente por ser masoquista. A briga interna  era pela consciência do ato impuro e por desrespeito à regras impostas socialmente. Repudiava o novo modo de vida, jamais pensara em trabalhar em um cabaré, mas estava cansada de ser o que todos designavam para ela.

Tulipa sabia que era loucura, sabia que não precisava, mas queria. Achava ela que merecia. Por quê diabos ainda amava Miguel? Queria ter o domínio de esquecê-lo, queria ter a audácia de arrancá-lo de seu peito. 

2- Do outro lado

Miguel se sentia injusto pelo ato desrespeitoso que havia feito com Tulipa. Pensava sozinho: " Justo ela que foi tão amável, segura de si". Miguel já havia rompido o romance com Alice Nunes, simplesmente porque chegou a conclusão que ela era apenas uma válvula de escape. Não por não amar Tulipa, mas porque estava cansado de tal rotina. Cansado de ser tão ruim e Tulipa tão boa, doce, compreensiva. Queria vê-la  não dependente dele, agindo furiosamente com as atitudes que só eram feitas para contrariá-la. 

3- Inicio 

 Entrou naquele prostíbulo imundo e conversou com uma senhora até certo ponto simpática. Pediu para que ela lhe arrumasse um quarto e uma moça de bons dotes. Maristela, a cafetina, odiou Miguel. Achou-lhe um moço petulante e acostumado à dar ordens onde não tinha poder algum, mas ainda assim era um cliente. 

4- Homenagem à Alice

Tulipa estava no quarto pensando em quão divertido era ter um pseudônimo que homenageava a mulher  que lhe causara tanto sofrimento.

5- A espera

O quarto tinha uma luz amarela. Sentou-se na cama macia, e esperou pela meretriz. 

6- A nova fuga
  
Tulipa estava no banheiro  do quarto.  Enxergou Miguel de costas. O coração foi parar na boca, quis sair correndo dali! O quê Miguel estava fazendo ali? Descobrira o seu segredo? "Merda." Pensou Tulipa. 
Engatinhou pela cama, agarrou Miguel por trás e sussurrou em seu ouvido: " Eu vou te dar o teu prazer, mas com amor é mais caro.  É mais caro, Miguel. Diga-me quanto pode pagar ou se pode pagar. 

O último verso foi baseado na canção: "Aos garotos de aluguel" da banda "A banda mais bonita da cidade".